quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Contos eróticos


A PRIMEIRA VEZ DE NOVO
Por Patrizia Tieppo Scala
Naquele dia, estava me sentindo ótima. Depois de tanta turbulência na minha vida, todos
aqueles lances tediosos, angustiantes, estafantes da separação tinham finalmente ficado para trás. Todos os sentimentos e pensamentos que por muito tempo bloqueavam minha mente e paralisavam meu corpo tinham de repente se dissolvido. Havia meses que não me concentrava no trabalho e não me sentia tão preparada e competente. E, para completar, tinham marcado a tal reunião. A maior empresa do ramo ia fechar o contrato que faria o meu negócio disparar. Saí confiante, segura, poderosa e, lógico, linda... pelo menos era como estava me vendo quando olhei de relance, disfarçando, para o espelho no elevador cheio de gente.

– Hoje é o meu dia. – Falei para a imagem feliz ali me encarando.
– Como essa saia justa te deixa sexy e essa camisa fica mesmo
muito bem em você.
Quando me dei conta, um homem alto, de terno, e bem bonito, estava me olhando. Há quanto tempo será que ele me observava? Cruzei o olhar com ele e algo se aqueceu dentro de mim. Há quanto tempo eu não fazia sexo? Há quanto tempo um pensamento assim não invadia minha mente sem pedir licença? A porta do elevador se abriu, saí determinada em direção ao meu grande dia. O que eu jamais poderia imaginar era a reviravolta que estava por vir. A recepção da empresa era ampla, clara, impecavelmente arrumada, sofás e cadeiras de couro branco, um imenso arranjo de orquídeas brancas no centro da mesa de vidro. Poderia passar horas ali sentindo aquela atmosfera. Percebo que meus sentidos estão alertas, tomo um gole da
água gelada que acabaram de me servir e me recosto na sofá que envolve meu corpo, usufruindo aqueles deliciosos momentos de leve expectativa anteriores a algo que, no fundo, você sabe que vai dar certo. Ah, como a gente se engana... 

A recepcionista me chama:

– Sra. Steele, pode me acompanhar até a sala de reunião? O Sr. Christian já virá encontrá-la.

Sr. Christian? Acho que a recepcionista está enganada, o nome do diretor da empresa que marcou a reunião comigo é Roberto.

Entro na sala, uma imensa parede de vidro mostra a cidade inteira. Sr. Christian... deve ser algum equívoco...não é possível, não é esse o nome do diretor. Aliás, esse nome... esse mesmo nome, Christian, está trancado lá no fundo, bem no fundo, dentro da última gaveta, na parte de trás do armário mais esquecido da minha mente. Admiro a paisagem, um pensamento surge na minha frente:

quanta coisa já vivi... sinto-me exatamente naquele ponto da vida de uma mulher em que ela sabe que já fez muito, mas, ao mesmo tempo, sente-se tão inexperiente, completamente virgem diante de tantas outras possibilidades. E é justo nesse momento que ouço atrás de mim uma voz grave, firme e suave ao mesmo tempo, pronunciar meu nome.

– Sra. Steele...

Um arrepio percorre meu corpo ao ouvir aquele tom de voz, levemente familiar, um timbre que faz vibrar alguma coisa lá bem dentro de mim. Viro-me com uma certa inquietação, e vejo o que esperava, mas tinha certeza que nunca mais veria. Aquele sorriso amplo, maravilhoso, enigmático, sedutor. Christian Grey, ele mesmo, com aqueles olhos cinzas, encantadores, indecifráveis e muito, muito, desconcertantes. O que ele está fazendo aqui? Oque a vida está me aprontando? O que é isso que está derretendo dentro do meu corpo? Minha boca ficou seca, o sangue parou de circular, todos os meus músculos se contraíram de uma vez, acho que meu coração parou de bater. Morri. Não sei como, não fui eu, mas um comando acionou a minha garganta, moveu meus lábios e consegui dizer com uma calma surpreendente:

– Sr. Grey, que surpresa, quanto tempo...
– Quinze anos três meses e oito dias. – Ele diz. Impressiono-me ao perceber como a sua voz continua envolvente, como ele continua controlador: agora controla até o tempo.

Esboço um sorriso que, tenho certeza, revela o prazer que sentia em me submeter ao controle dele. Ele continua maravilhoso, seus cabelos revoltos mesclando alguns tons de cinza ficaram ainda mais perfeitos com o cinza dos olhos. Ah... por que agora tinha que me deparar com essa visão? Justo hoje, que estava me sentindo tão senhora de
mim. Bastaram alguns segundos na presença dele para me sentir virada do avesso.

– Sra. Steele, é um prazer revê-la. – Diz ele, mudando o tom de voz, como se fôssemos apenas colegas de escola que se reencontram.
– Me disseram que a proposta da sua empresa é excelente.
– Continua.
Desse ponto em diante não me recordo mais como transcorreu a reunião, apresentei a proposta, negociamos alguns detalhes, acertamos o contrato e assinamos. Quando me levanto para sair, ele estende a mão e diz:

– Acredito que faremos uma ótima parceria.

Ao encostar minha mão na dele uma deliciosa sensação percorre cada terminação nervosa do meu corpo, ele aperta um pouco mais e demora um segundo mais para soltar a minha mão. Será que só eu estou sentindo isso? Tento descobrir no olhar dele, acho que vi uma fagulha, baixo o olhar e me demoro um pouco examinando a sua boca. Hummm... quantos prazeres ela me proporcionou, desvencilho-me desse pensamento, agradeço e saio. Não via a hora de chegar em casa, precisava brecar a avassaladora torrente de sensações que não paravam de me perturbar e tentar assimilar tudo aquilo. Assim que me larguei no sofá, deixei o meu pensamento ir aonde ele quis... e ele foi justamente para aquele dia, há muito tempo,em que eu e o Sr. Grey combinamos de nos encontrar num hotel no centro da cidade para terminar a nossa história que estava ficando insustentável. 
Esperava no bar quando recebi um bilhete que dizia que Christian me aguardava na suíte presidencial. Assim que ele abriu a porta, vi o quarto cheio de flores, um perfume inebriante invadiu meu corpo, ele me levou até um sofá e me ofereceu uma taça de vinho. Desgraçado... que ódio... ele sabia como me envolver. Dei um gole no vinho e ele perguntou se gostei. Lembro de ter dito que sim e ter dado mais um gole.Virei-me para admirar as flores e, assim, que me voltei, ele tirou bruscamente a taça da minha mão e segurou meu rosto, olhou fundo nos meus olhos. Então, aproximou muito seu rosto do meu, parando perto demais. Ficou um segundo, que pareceu uma eternidade, sem encostar sua boca na minha e, de repente, deu-me um beijo avassalador. Sua língua invadiu minha boca, preenchendo-a. Nossas línguas mexiam-se numa lenta dança erótica... eu acho que nessa hora me dissolvi inteira nas suas mãos. Sem parar de me beijar, me ergueu e me conduziu para perto da cama. Afastou-se e me olhou – derreti-me mais um pouco. Devagar, começou a desabotoar minha camisa, depois,
lentamente, abriu o zíper da minha saia e a deixou cair. Ainda me acariciando com aqueles olhos intensos, tirou sua camisa e abriu o zíper da sua calça. Só de cueca, aproximou-se e me envolveu inteira... sentir cada centímetro da sua pele encostar
em cada pedacinho da minha provocou um calor súbito. Virou-me de costas e ficou colado em mim.Afastou meus cabelos e começou a beijar meu pescoço, alternando beijos e mordidas leves, foi de um ombro a outro e até o meio das costas. Com lambidas, foi descendo pela espinha, abriu o fecho e tirou meu sutiã sem parar de me lamber. Continuou descendo em linha reta até a minha cintura, suas mãos também percorrendo meu corpo. Sua língua continuou o movimento até chegar à minha
calcinha. Ele a tirou num movimento rápido para abrir caminho para sua boca, que não parou de se mover
. Beijou cada milímetro da minha bunda enquanto suas mãos acariciavam minhas pernas.Empurrou-me e jogou-me delicadamente na cama. Caí de bruços, ele me virou e ficou ali parado,empé,meolhando, agora com olhos em brasas, cheios de desejo. Afastou minhas pernas, ajoelhou-se entre elas, levantou meus braços e os prendeu juntos, acima da minha cabeça. Enquanto me segurava com uma
das mãos, com a outra começou a me acariciar, tocou minha boca, percorreu os dedos pelos meus lábios, enfiou um deles na minha boca e o movimentou lá dentro até ficar bem molhado. Circulou o dedo molhado por um dos meus mamilos, depois o outro, foi descendo pela minha barriga até o umbigo. Demorou- se um pouco ali, depois seguiu, passando pelo púbis até encontrar meu clitóris. Ele sempre achou rápido o ponto certo.
Depois começa uma massagem rítmica, circular, que foi aumentado de intensidade e velocidade de forma quase imperceptível. Comecei a mover os quadris, estiquei minhas
pernas, algo começou a se espalhar dentro de mim. Abri a boca num gemido demorado... Então, ele parou de repente, tira a mão de cima de mim abri os olhos vi seu rosto ofegante, me encarando.Supliquei:

– Vem... não me torture... entre em mim...
– Anastasia, eu desejo cada pedacinho do seu corpo... diz que você merece o meu desejo...
– Christian, por favor... faz o que quiser comigo, eu sou sua, vem, Christian, vem...
Ele caiu sobre mim, largou meu braços, começou a me beijar loucamente. Sinti sua ereção firme, grande, pressionando meu corpo. Implorei por ela. Comecei a ficar sem ar. Ele me penetrou de uma vez, foi bem fundo, se retirou e foi de novo, e mais uma vez e outra... perdi a conta, perdi os sentidos. Lá longe escuto um som, demoro para me dar conta, é o meu celular, desperto desse quase desmaio... Percebo que estou muito molhada... ainda presa ao sofá, amarrada ao meu delicioso devaneio. Será que gozei de verdade agora ou foi só a lembrança de um orgasmo esplêndido, como tantos outros
que Christian me fez sentir? Por tantos anos consegui dominar essa obsessão, e agora
isso de novo. Pior do que me submeter aos desejos dele era me submeter aos meus loucos desejos por ele. O telefone insiste em me chamar de volta à realidade.
Eu me levanto e o procuro dentro da bolsa, duas chamadas perdidas... uma mensagem me deixa chocada:

“Anastásia, Gostei muito da nossa reunião. Você me surpreendeu. Quero conhece melhor essa mulher que você se tornou. Quer jantar comigo essa noite? Christian” 
Depois de tudo o que vivemos, é a primeira vez que ele me convida para jantar. A vida é cheia de primeiras vezes, ainda bem. 

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